Extraordinário




August Pullman, o Auggie, nasceu com uma síndrome genética cuja sequela é uma severa deformidade facial, que lhe impôs diversas cirurgias e complicações médicas. Por isso ele nunca frequentou uma escola de verdade... até agora. Todo mundo sabe que é difícil ser um aluno novo, mais ainda quando se tem um rosto tão diferente. Prestes a começar o quinto ano em um colégio particular de Nova York, Auggie tem uma missão nada fácil pela frente: convencer os colegas de que, apesar da aparência incomum, ele é um menino igual a todos os outros.


Nota

 


Extraordinário (Wonder) é um livro R.J. Palacio publicado no Brasil pela editora Intrínseca com 320 páginas. Há algum tempo eu comecei a ler esse livro, parei lá pela página 40 e ontem decidi sentar e ler mais um pedacinho. Acabei lendo ele todo em algumas horas.

August Pullman parece um menino como todos os outros. Ele gosta de brincar, gosta de rir, gosta de sua cadelinha e é viciado em Star Wars (seu personagem favorito é o Boba Fett). Mas August não é um menino como todos os outros: o seu rosto faz as pessoas gritarem de horror. Até os seis anos de idade August era tão desfigurado que ele não conseguia comer ou respirar sem a ajuda de tubos, e embora tenha passado por mais cirurgias e tomado mais medicamentos do que se fossem somadas as vidas de dez adultos, ele ainda está longe de ser ordinário. Ele é Extraordinário.
O livro é narrado em oito partes com capítulos muito pequenos de no máximo três páginas, que contam o ponto de vista de August e seus amigos e parentes. É o primeiro ano em que August vai para uma escola normal e todos estão com medo do que pode acontecer.
A história que R.J. Palacio conta é de uma delicadeza emocionante. A partir do fim da primeira parte você lê todas as outras com os olhos marejados. A família Pullman é aquela família que todos gostariam de ter: aconchegante, amorosa, onde até a cadela Daisy é amada como um membro da família. Os amigos de Via (irmã mais velha de August) e os amigos do próprio August são cativados pela atmosfera da casa e revelam que se sentem mais seguros com os Pullman do que com suas próprias famílias. E tudo isso acontece aos Pullman não porque eles são especiais, mas porque tem algo especial: August.

“August é o Sol. Eu, a mamãe e o papai giramos em volta dele. O restante de nossa família e de nossos amigos são asteroides e cometas flutuando ao redor dos planetas que orbitam o do Sol.”

Às vezes as pessoas não sabem o quanto podem ser cruéis. August entende que é diferente e já está acostumado a receber olhares assustados, o que não significa que não o magoe. Ninguém o encara diretamente, mas estão todos sempre olhando para ele e cochichando às suas costas. Na nova escola, os alunos dizem que August tem A Praga e que qualquer pessoa que o toque tem que se lavar em vinte segundos. Algumas vezes, ele ouve os comentários maldosos quando as pessoas pensam que ele não está por perto. Outras vezes, o dizem mesmo na sua frente. August é um menino forte, inteligente, e por mais que tenha as suas quedas ele sempre se levanta e persiste. Ele quer mostrar para os seus colegas, e para todas as outras pessoas, que ele é apenas um menino. Que não há o que temer.

“É como aquelas pessoas que às vezes você vê e não consegue imaginar como seria estar no lugar delas, seja alguém em uma cadeira de rodas, ou alguém que não pode falar. Eu sei que sou essa pessoa para os outros, talvez para todas as pessoas naquele auditório. Para mim, porém, sou apenas eu. Um garoto comum.”

O livro é uma grande campanha contra o bullying e uma verdadeira lição para se levar para toda a vida. Com August todos os personagens aprendem um pouco sobre solidariedade e principalmente sobre a gentileza, e consequentemente o leitor também. Se no começo ninguém queria tocá-lo, falar com ele e sua mera presença na sala causava desconforto e era ignorada, depois todo o quadro muda. August consegue conquistar a simpatia de todos sendo simplesmente quem ele é.
É bastante interessante como a autora teve a ideia para o livro.

“R.J. Palacio estava em uma sorveteria, acompanhada de seus dois filhos, quando se aproximou de uma menina com uma grave deformidade facial. Assustado, o mais novo, de 3 anos, começou a chorar bem alto e o de 10 pareceu alarmado. Rapidamente, ela tirou os meninos de perto − não por eles, mas para não magoar a garotinha. A autora nunca mais voltou a vê-la, mas não conseguiu parar de refletir sobre o ocorrido. “Eu comecei a pensar em como devia ser a vida para aquela família, para aquela menina.” Aquela situação provavelmente se repetia dezenas de vezes por dia. Centenas, talvez. E o que ela poderia ensinar aos seus filhos para que eles pudessem entender e se portar melhor da próxima vez? Foi então que R.J. Palacio teve a ideia de escrever Extraordinário”.

O livro é tão pequeno e rápido de ler que deixa um gosto de quero mais, o leitor fica absolutamente apaixonado pelo menino e com uma curiosidade maluca para saber o que acontece com o August nos próximos anos, por quais outros problemas irá passar, como será a sua vida a partir dali. E ao mesmo tempo nós sabemos que tudo ficará bem, pois ele tem pais e amigos que o amam como ele é e estarão ali para lembrar-lhe de que é maravilhoso mesmo quando ele mesmo não acredita nisso. Porque August Pullman venceu o mundo.
          A história de R.J. Palacio fala sobre coisas sérias brincando, faz rir, emociona e apaixona e constitui um livro tão gostoso que não nos importamos por ele estar nos torturando, cujo único objetivo é mostrar que ainda há - e sempre haverá - pessoas boas, compreensivas e gentis no mundo dispostas a fazer o que é certo, e que nunca é tarde para rever os seus conceitos. Um livro deliciosamente amável, inocente e gentil.

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